De acordo com a ONG Safernet, aproximadamente 90% dos quase 270 mil casos de pedofilia no Brasil em 2007 começam em sites de relacionamento, como o Orkut. Essa organização, que cuida de crimes virtuais aos direitos humanos, registrou um aumento de denúncias em mais de 120% em relação ao ano anterior.
O oficial de defensoria pública de Itaquera, Vinícius Ferreira (28) afirma que um fator a favor pedofilia é a desestruturação familiar; toma como exemplo a grande demanda de pedidos de pensão alimentícia. Vinícius presta os serviços de cobrança e trabalha com uma média diária de 60 pensões/dia, mostrando um crescente número de famílias que estão em fase de separação ou divórcio.
Um caso relacionado a uma família desestruturada foi relatado por Guilherme* (16); a testemunha conta que há um ano e meio sua amiga de escola foi vítima de abuso sexual dentro de casa; na época a garota tinha entre 13 e 14 anos. O padrasto de Guilherme foi visto forçando a vítima a fazer sexo oral, sem sucesso.
Ele tem medo de contar sobre o ocorrido para a mãe ou à polícia por não ter provas suficientes, todos achariam que ele só tem raiva do padrasto sem motivo aparente.
Vinícius comenta que os fatores que atrasam uma posição contra a pedofilia são: a burocracia, a descontinuidade dos atos públicos – quando uma política pública não segue após o fim do mandato e a falta de uma análise detalhada sobre o assunto.
O oficial de defensoria, que já foi professor do ensino fundamental em escola pública, sugere uma assistência social/psicológica menos paliativa (que recupere tanto a família quanto a vítima) e uma ampla divulgação do tema, como ferramentas de combate à pedofilia.
Guilherme conta que na escola, na zona leste de São Paulo, uma colega da quinta série foi abordada por um “suposto amigo” que a presenteava, dava dinheiro. A professora desconfiou das roupas novas e chamou as autoridades; na casa do pedófilo, fotos e vídeos da garota nua ou em ato sexual; ele foi preso na noite do dia 14 de novembro de 2008. Sérgio Armando Bernardi (60), comerciante, assediava seis garotas de idade entre 11 e 13 anos.
A conselheira tutelar Dinorá Silva trabalha na subprefeitura de Itaquera e diz que o amparo à criança e família vítimas desse ato é feito depois do caso, como um pós-atendimento; “isso acontece devido a pedofilia proceder como crime, portanto diferente de outros processos envolvendo a família”,finaliza.
Dinorá considera a ampla divulgação do tema pela parte da imprensa televisiva, que na opinião dela tem maior alcance popular, e campanhas sociais, são auxiliares nesse combate.
Políticas públicas contra pedófilos já existem lá fora. Na Espanha, Portugal e Reino Unido há um tipo de cadastro online. Nele são registradas fotos das crianças desaparecidas e informações sobre os casos de pedofilia.
* Foi utilizado um nome fictício para proteger a identidade da testemunha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário