Viva o período eleitoral!

Seria possível alguém assistir às propagandas eleitorais em nosso país e não ficar satisfeito com nossa Democracia?
Assistindo-se ao horário reservado à propaganda, fica claro que, definitivamente, há liberdade para todos serem votados! Alguns buscam votos para construir pontes; outros, para melhorar a saúde. Alguns pedem nosso voto porque são “do povo”; outros, porque têm uma mancha no rosto ou montam em avestruzes.
Inegavelmente, acompanhar a publicidade dos candidatos nos ajuda muito a escolher em quem votar. Tudo é bem organizado, para não ficarmos indecisos. Não é mesmo? Não.
Um partido mais conhecido, mais tradicional e mais rico tem vinte minutos para expor suas idéias. Um outro partido ganha cinco segundos. Daí, sai uma série de aberrações como gente berrando, batendo porretes em mesa e gritando sobre óleo de peroba.
Claro, porque os candidatos têm que se fazer lembrar de alguma forma. Com cinco segundos apenas à disposição, é bom fazer algo memorável. Como, por exemplo, dizer que é fácil se lembrar do número 11, porque é “um atrás do outro” ou então gritar “Meu nome é Enéas!” a ponto de as veias saltarem. A confusão que essas bizarrices geram é evidente. Já que algo inusitado (mesmo que imbecil) foi dito, ficou na memória. Dentre um monte de candidatos com um discurso vazio, é mais fácil lembrar dos esclerosados.
“Você não sabe em quem votar? É simples! Aperte o nove, depois o sete!” Como assim?! Por que eu apertaria esses botões? Nem sei quem é o candidato que carrega essa numeração! Nem sei o que ele quer para esta sociedade!
A liberdade de expressão está sendo mal aplicada, do meu ponto de vista. De que adianta todos poderem falar, se isso consiste na eleição de candidatos que não sabem se expressar, não sabem o que fazer em prol do povo? Não seria possível simplesmente vetar certas propagandas pelo mero fato de confundirem o eleitor com uma imagem ao invés de esclarecerem um plano objetivo de governo? Desta forma, haveria mais tempo disponível para outros políticos que têm boas idéias, mas não dispõem de tempo para elucidá-las.