Fan-Jovem: Sátira ao Sensacionalismo

Sátira ao Sensacionalismo

sexta-feira, 4 de abril de 2008


Quem nunca ouviu falar de Power Rangers?
Você mesmo, caro leitor, talvez seja um dos que cresceram assistindo a essa arma.
Sim: arma! Que salta aos olhos, como exemplo de tudo de ruim que nossas crianças absorvem da televisão (vulgo, “olho do diabo”).
Tomarei este seriado “infantil” como exemplo da onda de más influências que flui por nossas televisões.
Quem prestou atenção aos milhões de episódios das incontáveis temporadas do programa, notou algo muito interessante: cada Power Ranger usa uma cor de roupa quando está em batalha. Assim, você tem, por exemplo, o Ranger Azul, o Ranger Vermelho, a Ranger Rosa, e assim por diante.Ao contrário de Clarck e Bruce Waine, que usam nomes diferentes para combater o mal (Superman e Batman), em Power Rangers, ano após ano, ninguém pensa em nomes de guerra para os componentes dos “defensores do universo”! O que se vê são sempre nomes de cores. Note, então, como nossas crianças estão sendo contaminadas com um processo de pensamento contrário à criatividade, através de programas dessa espécie.
Repare também que a Ranger Amarela sempre vai trajar roupas de cor amarela, o Ranger Verde sempre vai trajar roupas verdes, mesmo que eles estejam fora de combate, na escola ou num ambiente qualquer de convívio social.
Assim, programas desse tipo induzem os indivíduos, desde cedo, a acostumarem-se com a informação fácil, com receber o que a TV mostra sem precisar pensar a respeito. O espectador não tem que pensar para decorar qual Ranger é um determinado personagem; está tudo fácil e evidente.
Isso sem mencionar as mensagens subliminares. Estas são, basicamente, informações que nos são transmitidas de forma a não serem assimiladas de imediato, mas que são guardadas no subconsciente por nosso poderoso cérebro e que, com o passar do tempo, sem que percebamos, formam um complexo sistema de idéias assimiladas não intencionalmente.
Uma criança não tem capacidade intelectual para discernir questões políticas com que os adultos estão habituados. Mas a TV pode ser um mecanismo de formação de conceitos e pré-conceitos, provenientes de mentes de sevandijas e bilhostres que se encontram forjando o que ela transmite de acordo com seus próprios interesses sujos.Usa-se a televisão, de forma discreta e aparentemente inocente, para formar todo tipo de ideologia nos cidadãos, até mesmo as de discriminação racial e de gênero.Observe que, em Power Rangers, quem veste a cor vermelha é o líder. Em seguida, na hierarquia, vem o azul, e assim segue. Para uma criança, não há elemento consideravelmente relevante em tal hierarquia. Mas ocorre é que aquela criança cresce com a idéia de que posição social depende de uma coisa básica. A hierarquia, no seriado, está diretamente relacionada à cor!Entende a que ponto chegamos? Isso é inaceitável!
Mas não pára por aí não.
A despeito de toda a luta das mulheres por seus direitos durante o passar das décadas, ainda vivemos em sociedades em que o trabalho do homem é mais valorizado que o da mulher. Isso se deve ao fato de que nosso intelecto foi formado (e deformado) diante da televisão. Estes nos manipularam a adquirir paradigmas, por meio de programas aparentemente ingênuos que, inerentemente, são malévolos.
Pense bem: será que já houve alguma vez uma mulher que fosse Ranger Vermelho?Por que é, afinal, que os líderes dos Rangers – um programa que influencia gerações – são sempre homens?Definitivamente, urge repensarmos o tipo de programa que aceitamos que nossas crianças assistam, o tipo de informação que aceitamos que faça parte da história de nossas sociedades.

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