Fan-Jovem: Passividade

Passividade

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008


Todos nós ouvimos falar da passividade que parece se estender por todos os espíritos brasileiros. É possível até que todos já tenhamos comentado a esse respeito.
Mas saber disso nos leva a tomar alguma atitude? Desde que ouvimos falar ou conversamos ou dissertamos sobre nossa passividade, acaso realizamos alguma manifestação? Não importa de que natureza... Pode ser política, moral, de conscientização, qualquer uma. Porque eu tenho ficado bem sentado aqui e, olhando em volta, pareço não ser o único.
Em minha opinião, a raiz do problema se encontra em nossa cultura. (E lá vou eu falar – pelo menos – da nossa bendita passividade.)
É parte da nossa cultura uma forte consciência de que todos erram. Há pessoas por aí que amam dizer “errar é humano”, “o erro é o mérito de quem faz”, “ninguém é perfeito” e coisinhas do tipo – sim, “coisinhas”.
Aparentemente, essas idéias se afiguram muito mais fortes nas cabeças por aí do que as possibilidades de mudança, de crescimento, de honestidade, de ética. E isso leva a um resultado catastrófico. Se é mais provável que todos errem do que alguém tentar melhorar as coisas ou simplesmente tornar-se uma pessoa melhor, por que eu melhoraria?
Parece-me uma visão pequena de “o que eu ganho em troca?”, como se a vida fosse só isso: ganhar, ganhar, ganhar...!
Não sabemos a infantil história de que, se cada um fizer sua parte, todos saem ganhando?
Mas então, é este o ciclo: todos em volta não querem mudar, então não faz sentido o fulano mudar, por que ele também vai errar. Aí, o fulano vê os erros dos à volta e pensa: “Tudo bem, eu também erro.” É um ciclo patético!
Então, as pessoas – algumas caras-de-pau o suficiente para me confessar com naturalidade – olham para os governantes corruptos e praticamente consentem! Sim, porque, se eles tivesse a chance de tomar para si uma grande quantia de dinheiro público sem que ninguém soubesse, não pensariam duas vezes: fariam exatamente o que fazem nossos governantes ladrões, que arruínam nossa rica nação.
Se você que está lendo isso pensa, como os aludidos caras-de-pau, que eu estou sendo hipócrita, pois também me aproveitaria se tivesse a chance... Bem, você não é obrigado a acreditar em mim, mas está enganado. Não sou melhor que muita gente, mas não posso ser conivente com aquilo que critico. Não roubaria. E penso que nós devemos analisar se queremos dizer “sim” para as porcarias em decorrência em nosso país, ao passo que nós nos permitimos moldar para ser de acordo a uma cultura de roubo e desonestidade. Se não, imagino que deveríamos simplesmente parar de agir pensar, para parar de agir de forma semelhante a esses criminosos cafajestes. Deixando nós de ser corruptos é que a corrupção vai nos incomodar. E, pela ética cotidiana de cada um de nós, discordando daquilo que não queremos ver ao nosso redor, ao menos, alguém faria sua parte, e isso pode sim fazer a diferença, pois o modo como um povo pensa modifica sua cultura. Podemos dizer não à cultura da passividade.

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