Um Curioso Filme

Não é sem motivo que O Curioso Caso de Benjamin Button é o filme com mais indicações ao Oscar deste ano. Considerando as principais bases da identidade do filme, a mais recente obra de David Fincher é, simplesmente, genial.

A história nasceu do conto de F. Scott Fitzgerald, escrito na década de 20. Contudo, o roteirista do filme, Eric Roth, praticamente escreveu algo novo, apenas mantendo o nome do protagonista e o fenômeno fundamental de sua vida: nascer idoso e rejuvenescer com o passar dos anos.


A começar pelos efeitos visuais, o filme é deslumbrante.
Durante toda a história, a maquiagem enquadra as personagens mais importantes em diversas faixas etárias, com preciso realismo.
No início do filme, é difícil crer que aquele homem extremamente magro, pequeno e enrugado seja mesmo Brad Pitt.
Não fosse incrível o bastante o modo como Brad aparece na tela como um idoso, a fase em que ele aparece mais jovem do que se encontra atualmente é de cair o queixo.

Quanto às atuações, Pitt e Cate Blanchett fazem um par excelente e encarnam suas personagens com seriedade e naturalidade. Isso sem falar de Tilda Swinton, mãe de Benjamin no longa, que está indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante. Os três são um show de interpretação, com destaque para Pitt, que concorre ao Oscar de melhor ator.
Embora este seja o núcleo do filme, todas as atuações secundárias são geniais e dignas de atenção.


A trilha sonora, mais do que expressão dos sentimentos condizentes com cada momento do filme, é ajudadora da narrativa. Vale muito observar como ela se adapta às décadas em que Button se encontra ao longo da história.

Para quem não conhece o diretor, David Fincher é responsável por Seven - os sete crimes capitais, Clube da luta, e Zodíaco. Sobre Benjamin Button, ele disse, em entrevista a Leonardo Cruz, da Folha de SP: "Enquanto muitos filmes mostram um homem comum vivendo histórias extraordinárias, este é sobre um homem extraordinário vivendo histórias comuns".


A obra serve de ponto de partida para uma série de reflexões profundas e intrigantes. Há quem goste de filmes que se limitam a contar uma história feliz de uma personagem feliz; mas há quem se interesse por filmes em que as personagens não são o mais importante, mas sim a mensagem que se tem a transmitir. Deste ponto de vista, Benjamin Button tem muito o que oferecer, sendo que questionamentos filosóficos são distribuídos incessantemente por todas as vivências do protagonista e até mesmo por personagens aparentemente sem importância, de modo sutil e inteligente.



O figurino e os cenários colaboram muito com o interesse do espectador. E, contrastando com toda a carga psicológica da obra, existe um humor discreto e muito eficaz inserido nos momentos exatos, aliviando a tensão e valorizando ainda mais o drama.

Sobre a idéia de que seria bom rejuvenescer ao invés de envelhecer, este é o relato de um homem que vai remoçando enquanto todos os que conhece envelhecem. O que para alguns poderia ser um sonho, se apresenta como um pesadelo. E o envelhecer, bem como outras coisas da vida que possam ser vistas como infortúnios, são apresentados como algo que precisamos aceitar para viver melhor, coisas que podem não ser tão ruins quanto parecem.

Por esta e muitas razões, que você pode descobrir sozinho, O Curioso Caso de Benjamin Button é, sem dúvida, um filme para se assistir mais de uma vez.