Acredito que muitos jovens concordariam que MTV Debate é o tipo de programa que falta na TV brasileira.
A maior parte dos programas de debate na TV aberta trata de temas um tanto complexos, usando de uma linguagem que não chega muito facilmente a jovens. Mas o programa apresentado por Lobão fala diretamente a esse público, abordando temas com os quais ele realmente se encontra familiarizado.
Entretanto, certas coisas estão meio fora do lugar. A começar pelo mediador.
Um mediador é imparcial, e esta palavra é, sem dúvida, inadequada para definir a postura de Lobão. Seja qual for o tema, ele sempre tem sua opinião, e torna o programa numa defesa de sua própria posição no debate.
Particularmente, gosto da parcialidade diante da massa. Às vezes, ela precisa de opiniões marcantes para poder discernir os fatores apresentados pela mídia e escolher seu posicionamento. Até mesmo por não ter seu próprio senso crítico tão estimulado. Mas, num debate, a parcialidade está evidente no fato de duas opiniões contrárias serem apresentadas conjuntamente. O mediador não precisa escolher um lado da 'briga' para que o debate tome um rumo decisivo. Ainda mais se sua opinião tende à libertinagem.
Numa das edições mais recentes do programa, o tema era a proibição ao fumo em lugares fechados. Como Lobão se apresentou com o sentimento de "discriminação" por parte da lei, o show todo deu preferência às opiniões contrárias à lei. Ao final do programa, alguns comentários de espectadores apareceram pelo gerador de caracteres: a maioria, a favor da lei. Foi como se o programa defendesse uma opinião pessoal em detrimento da opinião que deveria ser levada em conta, que é a da maioria.
Isso para não falar das interrupções sem número e das torções de argumentos. Quero acreditar que os jovens percebem. Que os espectadores não são tão manipuláveis.
Outro fator que prejudica a intenção do programa é a falta de respeito entre os participantes. Alguns gritam, outros se irritam, outros riem dos oponentes. Essas são reações interessantes para um programa de sensacionalismo. Mas num programa de teor político e sociológico, imagino que os emocionalismos deveriam ceder lugar à sobriedade e às opiniões bem embasadas, que tem perdido espaço para argumentos infantis e dúbios.
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